segunda-feira, 25 de abril de 2011

O amor não se desata

Enquanto, perverso, rias
Tu fizeste o que podias
Para eu deixar de te amar;
Tornaste as noites vazias
E, não fosse eu querer esperar
Anoiteceste os meus dias

Inventaste mil pecados
Que eu não tinha cometido / *Mil mentiras sem sentido*
Desmanchaste os meus bordados
E retalhaste o vestido / Com que eu me tinha casado

Como bem sabes agora
*E hás-de sentir vida fora* / Tanto mal era escusado
Se te querias ir embora
Não ganhaste com a demora / Senão partires mais culpado

Não nego que em doeu
Mas juro que até á data / A dôr de nada valeu
O amor não se desata
E a tua paixão morreu / Mas a minha não se mata


Maria do Rosário Pedreira / José António Sabrosa
Repertório de Aldina Duarte






Há palavras que tocam e vozes que emocionam.

8 comentários:

  1. Belíssimo, Isabel. Gosto muito de Maria do Rosário Pedreira e pareceu-me reconhcê-la assim que comecei a ler o poema. É uma combinação magnífica de poesia, voz e fado.
    Parabéns pela escolha!
    Um abraço.

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  2. Eu descobri este poema ontem numa entrevista na rtp2 da fadista e despertou-me a atenção. tocou me e achei que devia partilhar...o amor toca nos sempre :)e não desata...

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  3. Olá Isabel, Diva das Divas,

    Foi uma escolha magnifica em todos os aspectos. O fado que é tão nosso, uma letra que a qualquer um diz muitoooo e também diz da tua sensibilidade.

    Não tendo muito a ver, mas me veio ao pensamento umas letrinhas que há algum tempo juntei e acabei por nunca publicar.

    Ouço um anjo falando...
    se diz curandeiro da dor,
    aquele que o coração aquece
    enquanto vai o mundo girando,
    esquecido dos órfãos de amor.

    Fiquei ali ouvindo, esperançado
    por milagrosa cura,
    mas meu peito está quebrado
    de tanto aperto sofrido
    no tempo que afinal dura,
    um amor, a ser resolvido.


    Estou como dizes noutro post; Coisas vão sempre acontecendo na nossa vida e muito haveria para se escrever, mas algumas dessas coisas por ventura não seriam do interesse geral.

    Ler, vou lendo, visitando os amigos. Nem sempre comento, pois traduzir em comentário aquilo que sentimos nem sempre é exequível.

    Hoje passei aqui um bom bocado e só posso dizer bem-hajas com a tua alegria de viver.

    Beijo e meus kandandos, inté!

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  4. Lendo a postagem abaixo (cha-cha-cha hein?!)celebração de vida, esse poema e o comentário de nosso Kimbanda cheguei a dar um suspiro profundo...como as vivências que sempre nos tocam e afetam sobremaneira.
    Beijuuss, minina-amada, n.a.

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  5. Kimbanda...quanta honra ter essas suas palavras neste meu cantinho...já sentia saudades! e como sempre...sensibilidade á flor da pele!

    Mammi Ré: a vida é assim: tanto nos sabe bem dançar um cha-cha-cha rápido e alegre como nos toca e sensibiliza um fado! Humana...

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  6. Não conhecia e gostei imenso, Isabel!
    Penso que a vida poderá ser um pouco assim: entre a alegria de um cha cha cha e a melancolia de um fado que canta a perda. Ainda bem que por estes dias andamos mais ao ritmo do cha cha cha. :)))
    Beijo grande, com saudades.

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  7. Gostei muito do poema... muito a propósito do meu sentir e como demonstra o meu último post...
    As perdas são muito dificeis de gerir, então as de amor, começam por ser uma fatalidade, mas lá se consegue...
    Boa sorte para o cha cha cha...lol
    Dá noticias dos resultados. Cá para mim, já temos dançarina, sejam quais forem...
    bjs

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  8. Eu tb adorei..mal ouvi, captou minha atenção..especiamente a última quadra...
    perdas de amor doem mesmo, mas o tempo dá um jeito...e os amigos tb!;)
    E por mais que magoe, voltamos a querer amar e ser amada...o sentimento vale a pena arriscar!;)

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